O pau, a barraca e o chute / Por Nadezhda Bezerra

O pau, a barraca e o chute / Por Nadezhda Bezerra
Quando você vive uma vida com propósito tudo precisa fazer sentido. Sentido pra você, que fique bem claro.
Pra mim sempre foi assim. Ou fazia sentido ou não tinha sentido continuar. Precisa fazer bem, brilhar os olhos, desafiar, extrair o meu melhor, dar vontade. Pagar bem também é condição, mas não primeira. Não me prendo a salários ou rentabilidade, me prendo aos benefícios.
Talvez seja fácil pra mim que sou “baratinha”. Não anseio o melhor carro, nem a maior casa, tão pouco as roupas de grife ou o esmalte da moda. Posso cortar o cabelo no salão da esquina, a cabeleireira só precisa saber tratar bem meus cachos.
Nada contra luxo, riqueza,  glamour, só não preciso deles. E isso, pelo menos pra mim, é libertador.
Se não preciso, não estou disponível pra tudo.
Mas e as contas? Essas chegam sem demora e as pago. Pago as contas de cada escolha, banco cada atitude. E se a gente tem apoio de quem gosta, o peso é parcelado em suaves prestações.
Money illustration
Com um nome russo que significa “esperança”, não preciso dizer que sempre tive esse olhar ( e as atitudes) voltado pro otimismo, pra positividade. E com a maturidade e as experiências adquiridas ao longo da vida, nossa capacidade de discernimento só cresce, se amplifica e fica mais nítido o que queremos e mais ainda o que não queremos. Eu não quero estar em um lugar ou fazendo algo só pra pagar as contas. Eu quero fazer jus ao meu potencial inventivo, a minha capacidade criativa e ao meu merecimento de estar bem, cada vez mais.
Não quero sentir dor no estômago pra ir trabalhar ou precisar de sal grosso na minha mesa. Quero harmonia, leveza e prazer. Não quero um trabalho ou negócio me roubando o bom humor em casa.
A gente precisa desapegar do que  dói-mas-é-cômodo, ter coragem pra comprar a passagem pra zona de desconforto inquietante que nos exige ousadia e persistência.
A gente precisa ter coragem para acreditar em nós mesmos de verdade. Saber que o mundo é grande, que tudo tá ao alcance de quem estica os braços pra buscar ( e olhe que só tenho 1,60m!).
 Não é fácil. Eu bem sei, mas se a gente só entulha dissabores não haverá espaço pros novos sabores. E a vida deve ser bem saboreada e o sentido da sua é seu, não do que os outros mostram. Não copie alguém, cada um de nós é original o suficiente pra encontrar seu próprio sentido.
Freedom background
Aos 40 anos, eu chutei o pau e a barraca. Saí de um emprego que não me acrescia mais (aí que saudade do 13º!), destituí uma sociedade que achei ser pra sempre, faço concessões diárias, aprendi a fazer minhas próprias unhas pra economizar no salão, hidrato meus cachos brincando com minha afilhada e tenho um sorriso no rosto que só os ousados e os que acreditam em si mesmos (alguns chamam de sem juízo) têm.
Travel and tourism elements
Vou conhecer  40 lugares diferentes em comemoração a nova idade antes de chegar aos 41 (já vou em 7), em breve publico meu primeiro livro ( um sonho de infância) e já fui contratada pra um segundo ( e ainda tem o projeto de um terceiro). Fiz meu primeiro mergulho de cilindro, encontro meus amigos do colégio todo mês, tenho tempo pra ver o mar e as mensagens intermináveis de whatsapp.
Estou empreendendo de novo com aquilo que mais sei fazer, produção de conteúdo (aguardem!). Tenho dois projetos de minissérie pra TV em andamento, uma proposta de parceria com uma produtora, continuo escrevendo pra revista que fui sócia (uma mãe não abandona um filho, mas dá espaço pra ele seguir seu próprio caminho) e as coisas estão só começando (de novo!).
E não, não ganhei na mega, não sou herdeira, nem tenho uma fonte de renda secreta, apenas fiz valer minha vontade, me planejei e chutei o pau e a barraca plena de consciência e preparada para a chuva e o relento enquanto outra barraca é construída.
Se tenho medo de me molhar? Cá pra nós, quem não gosta de dançar na chuva?
Woman under the rain
naNadezhda Bezerra é mestre em comunicação e publicitária de formação, desde criança costumava deixar bilhetinhos pela casa numa mostra clara que escrever era paixão. Da publicidade para o mundo acadêmico, atuou como coordenadora e professora universitária. Misturando a paixão pela escrita e a veia empreendedora fez parte da criação da Revista Mensch como editora de redação até chegar ao sonho do primeiro livro publicado. Atualmente é consultora em comunicação e marketing e produtora de conteúdo da Massa Conteúdo da qual é sócia fundadora.
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